Ontem, 23 de julho de 2013, faleceu em Uberaba, aos 84 anos, Djalma Santos. Internado desde o início deste mês, Djalma Santos lutou pela vida durante três semanas, mas acabou sucumbindo às complicações de uma grave pneumonia.
Mas quem foi Djalma Santos? - pode perguntar o mais desinformado. E faz algum sentido não saber.
Jovens como eu, que só tiveram oportunidade de acompanhar as Copas do Mundo de 2002 pra cá, estamos acostumados com Ronaldinhos e afins. De vez em quando, ouvimos nossos pais falarem de Gérson, Rivelino e Jairzinho, craques da Seleção Brasileira de 1970, campeã com autoridade no México. Outras muitas vezes, ouvimos de nossos pais, e principalmente da mídia esportiva, sobre a Seleção de 82, que encantou o mundo com o "futebol arte": Sócrates, Tostão, Zico, Cerezo... pra muitos, diria quase todos, a maior Seleção Brasileira da História.
E esquecemos da Seleção bicampeã do mundo. 1958-1962, a geração que transformou o futebol brasileiro. Esquecemos da estréia daquele moleque magro e bom de bola, de apenas 17 anos, chamado Edson. Esquecemos da Seleção de Garrincha, Didi, Castilho, Bellini, Nilton Santos... Esquecemos a história.
Em tempos de vai-vém de jogadores, efemeridade de relações entre clubes e atletas, escudos rivais beijados "à torto e a direita", nossos atletas de 58-62 representam o que há de mais bonito no futebol: o orgulho de vestir a camisa da Seleção Brasileira e a real identificação com os clubes que escolheram defender. Castilho, goleiro desta seleção, dedicou sua vida ao Fluminense, atuando no clube tricolor por 18 anos. Garrincha defendeu o alvinegro carioca por 12 anos. Nilton Santos defendeu o Botafogo, e o Botafogo somente, durante toda a sua carreira.
Djalma Santos era o lateral-direito dessa vitoriosa seleção. Atacava e defendia com um vigor físico invejável. Sua participação ofensiva era, até então, uma novidade no futebol, já que a posição de lateral era majoritariamente defensiva. Participou da Copa do Mundo de 54 e fez um gol na derrota do Brasil para a fortíssima Seleção Húngara de Puskas, por 4-2.
Ter feito parte do elenco bicampeão do mundo, desempenhando com maestria a função de lateral, não é a única credencial de Djalma Santos. A principal qualidade deste atleta, ao longo de sua carreira, foi o respeito com o qual tratou o futebol e os clubes onde atuou. Não a toa transformou-se em ídolo de duas torcidas rivais, do mesmo estado: Portuguesa e Palmeiras.
Foram onze anos defendendo as cores da Lusa e nove anos defendendo o Palmeiras. Defendeu também, por quatro anos, o Clube Atlético Paranaense, porém, sempre deixou claro que os dois clubes de São Paulo eram suas grandes paixões. Com mais de 400 partidas, transformou-se no segundo jogador a mais vestir a camisa da Lusa. No Palmeiras, inúmeros títulos conquistados, dentre eles o Rio São-Paulo de 1965 e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1967.
Mais de mil partidas em campo, 24 anos de carreira, e nenhuma expulsão: evidência de caráter, lealdade e respeito à profissão e aos colegas.
Quem foi Djalma Santos? O melhor lateral da história do futebol brasileiro.
Ontem, descansou. Nos despedimos dele, agradecendo por tudo.